domingo, 27 de maio de 2012

Estória "A Menina da Lanterna"


A Menina da Lanterna

            Era uma vez uma menina que carregava alegremente sua lanterna pelas ruas. De repente chegou o vento, que com grande ímpeto apagou a lanterna da menina.
          – Ah! – exclamou a menina. – Quem poderá reacender a minha lanterna? Olhou para todos os lados, mas não achou ninguém. Apareceu, então, um animal muito estranho, com espinhos nas costas, de olhos vivos, que corria e se escondia muito ligeiro pelas pedras. Era um porco-espinho.
           – Querido porco-espinho! – Exclamou a menina – O vento apagou a minha luz. Será que você sabe quem poderia acender a minha lanterna?
E o porco-espinho disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois precisava ir pra casa cuidar dos filhos.
            A menina continuou caminhando e encontrou-se com um urso, que caminhava lentamente. Ele tinha uma cabeça enorme e um corpo pesado e desajeitado, e grunhia e resmungava.
            – Querido urso! – falou a menina. - O vento apagou a minha luz. Será que você sabe quem poderia acender a minha lanterna?
E o urso da floresta disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro, pois estava com sono e iria dormir e repousar.
            Surgiu, então, uma raposa, que estava caçando na floresta e se esgueirava entre o capim. Espantada, a raposa levantou seu focinho e, farejando, descobriu a menina. Indignada, a raposa dirigiu-se a ela e mandou que voltasse pra casa, porque a menina espantava os ratinhos.
Com tristeza, a menina percebeu que ninguém queria ajudá-la. Sentou-se sobre uma pedra e chorou.
            Neste momento surgiram estrelas que lhe disseram para ir perguntar ao Sol, pois ele com certeza poderia ajudá-la.
            Depois de ouvir o conselho das estrelas, a menina criou coragem para continuar o seu caminho.
            Finalmente, chegou a uma casinha, dentro da qual avistou uma mulher muito velha, sentada, fiando sua roca. A menina abriu a porta e cumprimentou a velha.
            - Bom dia, querida vovó – disse ela
            - Bom dia, respondeu a velha.
            A menina perguntou se ela conhecia o caminho até o Sol e se ela queria ir com ela, mas a velha disse que não podia acompanhá-la porque fiava sem cessar e sua roca não podia parar. Entretanto, pediu à menina que descansasse um pouco, pois o caminho era muito longo. A menina entrou na casinha e sentou-se para descansar. Pouco depois, pegou sua lanterna e continuou a caminhada.
            Mais adiante, encontrou outra casinha no seu caminho, a casa do sapateiro. Ele estava consertando muitos sapatos. A menina abriu a porta e cumprimentou-o. Perguntou, então, se ele conhecia o caminho até o Sol e se queria ir com ela procurá-lo. Ele disse que não podia acompanhá-la, pois tinha muitos sapatos para consertar. Deixou que ela descansasse um pouco, pois sabia que o caminho era longo. A menina entrou e sentou-se para descansar. Depois pegou sua lanterna e continuou a caminhada.
            Ao longe avistou uma montanha muito alta.
Com certeza, o Sol mora lá em cima – pensou a menina e pôs-se a correr, rápida como uma corsa. No meio do caminho, encontrou uma criança que brincava com uma bola. Chamou-a para que fosse com ela até o Sol, mas a criança nem respondeu. Preferiu brincar com sua bola e afastou-se saltitando pelos campos. Então a menina da lanterna continuou sozinha o seu caminho. Foi subindo pela encosta da montanha. Quando chegou ao topo, não encontrou o Sol.
            - Vou esperar aqui até o Sol chegar – pensou a menina, e sentou-se na terra.
            Como estivesse muito cansada de sua longa caminhada, seus olhos se fecharam e ela adormeceu.
            O Sol já tinha avistado a menina há muito tempo. Quando chegou a noite ele desceu até a menina e acendeu a sua lanterna.
            Depois que o sol voltou para o céu, a menina acordou.
            - Oh! A minha lanterna está acessa! – exclamou, e com um salto pôs-se alegremente a caminho.
            Na volta, reencontrou a criança da bola, que lhe disse ter perdido a bola, não conseguindo encontrá-la por causa do escuro. As duas crianças procuraram então a bola. Após encontrá-la, a criança afastou-se alegremente.
            A menina da lanterna continuou seu caminho até o vale e chegou à casa do sapateiro, que estava muito triste na sua oficina. Quando viu a menina, disse-lhe que seu fogo tinha se apagado e suas mãos estavam frias, não podendo, portanto, trabalhar mais. A menina acendeu a lanterna do artesão, que agradeceu, aqueceu as mãos e pôde martelar e costurar seus sapatos.
            A menina continuou lentamente a sua caminhada pela floresta e chegou ao casebre da velha. Seu quartinho estava escuro. Sua luz tinha se consumido e ela não podia mais fiar. A menina acendeu nova luz e a velha agradeceu, e logo sua roda girou, fiando, fiando sem cansar.
Depois de algum tempo, a menina chegou ao campo e todos os animais acordaram com o brilho de sua lanterna.
A raposinha, ofuscada, farejou para descobrir de onde vinha tanta luz. O urso bocejou, grunhiu e, tropeçando desajeitado, foi atrás da menina. O porco-espinho, muito curioso, aproximou-se dela e perguntou de onde vinha aquele vaga-lume tão grande.
Assim, a menina voltou feliz pra casa, sempre cantando a sua canção!

quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Simbolismo da Festa Junina

Por Anna Maria Macrander Karassawa

Fogueiras, bandeirinhas, quadrilhas, quitutes deliciosos. Quem não gosta de uma boa festa Junina? Agora, no mês de junho, por toda a cidade, por todo o país, estarão ocorrendo inúmeras festas em homenagem a São João. Escolas, ruas, paróquias e clubes são enfeitados com bandeirinhas coloridas; comidinhas saborosas serão preparadas por mãos experientes; grandes fogueiras esquentarão as longas e frias noites de inverno; sanfoneiros cantarão canções tradicionais em homenagem a São João.

A festa de São João ocorre para nós, do hemisfério sul, no início do inverno, no dia 24 de junho. Apesar de não vivenciarmos a intensidade dos invernos europeus, neste período, as noites são mais longas e frias, e os dias mais frescos. A natureza a nossa volta procura se recolher de modo a propiciar em seu íntimo a revitalização das forças que desabrocharão novamente na primavera. Nesse ambiente introspectivo de noites escuras e frias, as chamas das fogueiras de São João convidam não apenas a nos envolvermos com a alegria das festas, mas também a aquecer e iluminar nossas almas. E, assim, com corações aquecidos, começamos a nos envolver com caráter espiritual da Festa de São João. Para compreendermos essa espiritualidade, precisamos saber quem foi João Batista e qual foi sua grande contribuição para a humanidade.

João era filho de  Zacarias e Isabel. Ainda quando criança, foi preparado para a vida sacerdotal, como fora seu pai. Após anos de estudos, retirou-se para o deserto e, nesse ambiente hostil e árido, dedicou-se a oração e penitência, com a intenção de cumprir sua missão: “preparar o caminho do Senhor, aplainar as suas veredas” (Luc 3, 4). Após deixar o deserto, João foi para o vale do rio Jordão, onde falava às pessoas da importância de se prepararem para a chegada do Filho de Deus. Chamava todos à conversão, dizendo: “arrependei-vos e convertei-vos, pois o reino de Deus está próximo”.

João batizava nas águas do Rio Jordão todos aqueles que buscavam o arrependimento e a conversão. Era tão convicto de sua missão que muitos chegaram a confundi-lo com o próprio messias, ao que ele, imediatamente, retrucava: “Eu não sou o Cristo” (Jô 3, 28) e “não sou digno de desatar a correria de sandália” (Jô 1, 29).

Certo dia, assim como todos que procuravam João, veio também Jesus para ser batizado. “E logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que, como pomba, descia sobre ele” (Mc 1, 10). “E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mc 1, 11).

Após o batismo de Jesus, João continuou batizando, mas sua missão estava terminada. Pouco tempo depois foi preso e decapitado a mando do rei Herodes.

João veio ao mundo com a missão de preparar o coração dos homens para o advento do Cristo. Ele representava uma era que estava terminando, que não poderia mais existir a partir do momento em que Jesus se tornou Cristo. Quando ele pregava o arrependimento, ele queria mostrar que o ser humano precisava buscar uma nova consciência para poder viver uma nova era – a possibilidade individual
de cada ser humano encontrar conscientemente o caminho da espiritualidade.

João sabia que sua missão, bem como a Era que representava, havia terminado quando disse aos seus discípulos: “É necessário que ele cresça e eu diminua” (Jô 3, 30).

São João! São João! Acende a fogueira do meu coração! Contemplando a fogueira de São João, observando a lenha que se consome, que diminui, para que as labaredas cresçam, precisamos aproveitar a época de São João para fortalecer nossa busca interior, individual. Nas escuras e frias noites de inverno, com corações aquecidos, é necessário que acordemos nossa consciência para o mundo que nos rodeia e para o tempo em que vivemos.

 Fonte: http://www.festascristas.com.br/

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A Festa da Lanterna

Por Carmen Silvia Zietemann

Uma das épocas que é intensamente vivenciada pelas crianças do Maternal e Jardim de infância, em nossa Escola, é a Festa da lanterna que antecede a festa de São João.

No final do outono, quando as noites vão ficando mais longas e tanto a natureza como o próprio homem iniciam um impulso de contração, uma interiorização, as crianças da Educação Infantil começam a preparar-se para esta festa, cujo sentido está na imagem da busca da luz interior.

Durante várias semanas todo um clima propício é vivenciado nas classes, enquanto as professoras e crianças pintam, recortam e montam lanternas. São cantadas canções que falam de seu brilho e como ele ilumina o coração dos homens e afasta a escuridão.

A estória da “Menina da Lanterna” que é encenada por professores ou alunos do Ensino Médio é contada às crianças e trabalhada na roda rítmica e pela Euritmia.

Esta estória traz vários elementos de significado espiritual representados por cada personagem. E num todo o conto mostra a trajetória da alma humana em busca da consciência de si mesma, em busca da luz do Sol (Luz Crística) para sua transformação interior, abrindo caminhos ao doar-se.

Este conteúdo pode ser vivenciado pelas crianças como um belo conto de fadas num nível imaginativo e numa atmosfera de sonho.

Finalizada a peça, que é encenada no Teatro da escola, as famílias dirigem-se às classes, onde as lanternas são cerimoniosamente acesas e as crianças, familiares e professores, deixando o ambiente aconchegante das salas, dão inicio ao passeio. Pequenas procissões dos participantes, levando suas lanternas pela mão, iluminando os caminhos pela escola envolta em total penumbra e cantando lindas canções.

De todos os cantos do jardim aparecem os grupos que, como cordões de vaga-lumes, se encontram, se cruzam, explorando os lugares mais escuros, formam rodas, passam por túneis formados pelos adultos, para finalmente voltarem aos seus lares.

O ideal é que esta atmosfera especial possa ter continuidade em casa! Que a última refeição do dia já esteja preparada em cada lar e as luzes não precisem ser acesas. As próprias lanternas iluminarão o ambiente, lembrando assim o clima do qual todos acabaram de sair, propiciando uma harmonia união familiar.
Desta forma as crianças poderão dormir preenchidas pelas imagens da buscar da luz e da manutenção desta dentro de si.

Doar esta luz tão especial será então um segundo passo, que poderá transformar-se num impulso social na vida futura de cada um.

(Texto extraído da Revista Nós, Época de São João, 2005, Escola Waldorf Rudolf Steiner, em São Paulo) 
Fonte: http://www.festascristas.com.br/
http://www.festascristas.com.br/sao-joao-batista/sao-joao-batista-textos-diversos/593-a-festa-da-lanterna-carmen-silvia-zietemann