A Menina da Lanterna
Era uma vez uma menina que carregava alegremente sua lanterna pelas
ruas. De repente chegou o vento, que com grande ímpeto apagou a lanterna da
menina.
–
Ah! – exclamou a menina. – Quem poderá reacender a minha lanterna? Olhou para
todos os lados, mas não achou ninguém. Apareceu, então, um animal muito
estranho, com espinhos nas costas, de olhos vivos, que corria e se escondia
muito ligeiro pelas pedras. Era um porco-espinho.
– Querido
porco-espinho! – Exclamou a menina – O vento apagou a minha luz. Será que você
sabe quem poderia acender a minha lanterna?
E o porco-espinho disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro,
pois precisava ir pra casa cuidar dos filhos.
A
menina continuou caminhando e encontrou-se com um urso, que caminhava
lentamente. Ele tinha uma cabeça enorme e um corpo pesado e desajeitado, e
grunhia e resmungava.
–
Querido urso! – falou a menina. - O vento apagou a minha luz. Será que você sabe
quem poderia acender a minha lanterna?
E o urso da floresta disse a ela que não sabia, que perguntasse a outro,
pois estava com sono e iria dormir e repousar.
Surgiu,
então, uma raposa, que estava caçando na floresta e se esgueirava entre o
capim. Espantada, a raposa levantou seu focinho e, farejando, descobriu a
menina. Indignada, a raposa dirigiu-se a ela e mandou que voltasse pra casa,
porque a menina espantava os ratinhos.
Com tristeza, a menina percebeu que ninguém queria ajudá-la. Sentou-se
sobre uma pedra e chorou.
Neste
momento surgiram estrelas que lhe disseram para ir perguntar ao Sol, pois ele
com certeza poderia ajudá-la.
Depois
de ouvir o conselho das estrelas, a menina criou coragem para continuar o seu
caminho.
Finalmente,
chegou a uma casinha, dentro da qual avistou uma mulher muito velha, sentada,
fiando sua roca. A menina abriu a porta e cumprimentou a velha.
-
Bom dia, querida vovó – disse ela
-
Bom dia, respondeu a velha.
A
menina perguntou se ela conhecia o caminho até o Sol e se ela queria ir com
ela, mas a velha disse que não podia acompanhá-la porque fiava sem cessar e sua
roca não podia parar. Entretanto, pediu à menina que descansasse um pouco, pois
o caminho era muito longo. A menina entrou na casinha e sentou-se para
descansar. Pouco depois, pegou sua lanterna e continuou a caminhada.
Mais
adiante, encontrou outra casinha no seu caminho, a casa do sapateiro. Ele
estava consertando muitos sapatos. A menina abriu a porta e cumprimentou-o.
Perguntou, então, se ele conhecia o caminho até o Sol e se queria ir com ela
procurá-lo. Ele disse que não podia acompanhá-la, pois tinha muitos sapatos
para consertar. Deixou que ela descansasse um pouco, pois sabia que o caminho
era longo. A menina entrou e sentou-se para descansar. Depois pegou sua
lanterna e continuou a caminhada.
Ao
longe avistou uma montanha muito alta.
Com certeza, o Sol mora lá em cima – pensou a menina e pôs-se a correr,
rápida como uma corsa. No meio do caminho, encontrou uma criança que brincava
com uma bola. Chamou-a para que fosse com ela até o Sol, mas a criança nem
respondeu. Preferiu brincar com sua bola e afastou-se saltitando pelos campos. Então
a menina da lanterna continuou sozinha o seu caminho. Foi subindo pela encosta
da montanha. Quando chegou ao topo, não encontrou o Sol.
-
Vou esperar aqui até o Sol chegar – pensou a menina, e sentou-se na terra.
Como
estivesse muito cansada de sua longa caminhada, seus olhos se fecharam e ela
adormeceu.
O
Sol já tinha avistado a menina há muito tempo. Quando chegou a noite ele desceu
até a menina e acendeu a sua lanterna.
Depois
que o sol voltou para o céu, a menina acordou.
-
Oh! A minha lanterna está acessa! – exclamou, e com um salto pôs-se alegremente
a caminho.
Na
volta, reencontrou a criança da bola, que lhe disse ter perdido a bola, não
conseguindo encontrá-la por causa do escuro. As duas crianças procuraram então
a bola. Após encontrá-la, a criança afastou-se alegremente.
A
menina da lanterna continuou seu caminho até o vale e chegou à casa do
sapateiro, que estava muito triste na sua oficina. Quando viu a menina,
disse-lhe que seu fogo tinha se apagado e suas mãos estavam frias, não podendo,
portanto, trabalhar mais. A menina acendeu a lanterna do artesão, que
agradeceu, aqueceu as mãos e pôde martelar e costurar seus sapatos.
A
menina continuou lentamente a sua caminhada pela floresta e chegou ao casebre
da velha. Seu quartinho estava escuro. Sua luz tinha se consumido e ela não
podia mais fiar. A menina acendeu nova luz e a velha agradeceu, e logo sua roda
girou, fiando, fiando sem cansar.
Depois de algum tempo, a menina chegou ao campo e todos os animais
acordaram com o brilho de sua lanterna.
A raposinha, ofuscada, farejou para descobrir de onde vinha tanta luz. O
urso bocejou, grunhiu e, tropeçando desajeitado, foi atrás da menina. O
porco-espinho, muito curioso, aproximou-se dela e perguntou de onde vinha
aquele vaga-lume tão grande.
Assim, a menina voltou feliz pra casa, sempre cantando a sua canção!