quinta-feira, 3 de maio de 2012

O Simbolismo da Festa Junina

Por Anna Maria Macrander Karassawa

Fogueiras, bandeirinhas, quadrilhas, quitutes deliciosos. Quem não gosta de uma boa festa Junina? Agora, no mês de junho, por toda a cidade, por todo o país, estarão ocorrendo inúmeras festas em homenagem a São João. Escolas, ruas, paróquias e clubes são enfeitados com bandeirinhas coloridas; comidinhas saborosas serão preparadas por mãos experientes; grandes fogueiras esquentarão as longas e frias noites de inverno; sanfoneiros cantarão canções tradicionais em homenagem a São João.

A festa de São João ocorre para nós, do hemisfério sul, no início do inverno, no dia 24 de junho. Apesar de não vivenciarmos a intensidade dos invernos europeus, neste período, as noites são mais longas e frias, e os dias mais frescos. A natureza a nossa volta procura se recolher de modo a propiciar em seu íntimo a revitalização das forças que desabrocharão novamente na primavera. Nesse ambiente introspectivo de noites escuras e frias, as chamas das fogueiras de São João convidam não apenas a nos envolvermos com a alegria das festas, mas também a aquecer e iluminar nossas almas. E, assim, com corações aquecidos, começamos a nos envolver com caráter espiritual da Festa de São João. Para compreendermos essa espiritualidade, precisamos saber quem foi João Batista e qual foi sua grande contribuição para a humanidade.

João era filho de  Zacarias e Isabel. Ainda quando criança, foi preparado para a vida sacerdotal, como fora seu pai. Após anos de estudos, retirou-se para o deserto e, nesse ambiente hostil e árido, dedicou-se a oração e penitência, com a intenção de cumprir sua missão: “preparar o caminho do Senhor, aplainar as suas veredas” (Luc 3, 4). Após deixar o deserto, João foi para o vale do rio Jordão, onde falava às pessoas da importância de se prepararem para a chegada do Filho de Deus. Chamava todos à conversão, dizendo: “arrependei-vos e convertei-vos, pois o reino de Deus está próximo”.

João batizava nas águas do Rio Jordão todos aqueles que buscavam o arrependimento e a conversão. Era tão convicto de sua missão que muitos chegaram a confundi-lo com o próprio messias, ao que ele, imediatamente, retrucava: “Eu não sou o Cristo” (Jô 3, 28) e “não sou digno de desatar a correria de sandália” (Jô 1, 29).

Certo dia, assim como todos que procuravam João, veio também Jesus para ser batizado. “E logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que, como pomba, descia sobre ele” (Mc 1, 10). “E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mc 1, 11).

Após o batismo de Jesus, João continuou batizando, mas sua missão estava terminada. Pouco tempo depois foi preso e decapitado a mando do rei Herodes.

João veio ao mundo com a missão de preparar o coração dos homens para o advento do Cristo. Ele representava uma era que estava terminando, que não poderia mais existir a partir do momento em que Jesus se tornou Cristo. Quando ele pregava o arrependimento, ele queria mostrar que o ser humano precisava buscar uma nova consciência para poder viver uma nova era – a possibilidade individual
de cada ser humano encontrar conscientemente o caminho da espiritualidade.

João sabia que sua missão, bem como a Era que representava, havia terminado quando disse aos seus discípulos: “É necessário que ele cresça e eu diminua” (Jô 3, 30).

São João! São João! Acende a fogueira do meu coração! Contemplando a fogueira de São João, observando a lenha que se consome, que diminui, para que as labaredas cresçam, precisamos aproveitar a época de São João para fortalecer nossa busca interior, individual. Nas escuras e frias noites de inverno, com corações aquecidos, é necessário que acordemos nossa consciência para o mundo que nos rodeia e para o tempo em que vivemos.

 Fonte: http://www.festascristas.com.br/

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